Resenha: 'Jurismania - the madness of American law', de Paul F. Campos
'Jurismania - the madness of American law' é um livro de Paul F. Campos. Traduzi sua apresentação, assinada por Larry A. Alexander e por Stanley Fish. Minha resenha encontra-se logo abaixo.
Campos é penetrante, espirituoso, e cortês. Reiteradamente demonstra as ridículas e opressivas pretensões de uma hiper-regulação legal e o irracionalismo, mascarado de razão, dos tribunais e seus acólitos. Recomendo entusiasticamente Jurismania a todos quantos se preocupam com a sempre crescente intromissão da lei e da burocracia em nossas vidas, e particularmente a nós, juristas, que ajudamos a armar esta confusão e continuamos a tirar proveito dela. (Larry A . Alexander, Universidade de São Diego).
Em famoso verso, exclama um dos personagens de Shakespeare: 'Matai todos os advogados'! Paul Campos mostra que os advogados estão nos matando e, se queremos seriamente resolver nossos problemas, precisamos começar pela perda da ilusão de que uma cultura jurídica os resolverá. Uma forte mensagem para uma sociedade crescentemente litigiosa. (Stanley Fish, Duke University).
Recensão.Jurismania – the madness of American Law, New York, Oxford, 1998.
Muito já copiamos dos americanos, mais iremos copiar. É importante, por isso, que nos acostumemos a ler os críticos de seu sistema legal, para que não tomemos por ouro o que apenas reluz.Jurismania, a loucura da lei americana, é o sugestivo título deste livro de Paul F. Campos.Sua tese central é de que, em suas manifestações extremas, aquilo que os americanos chamam de 'o governo da lei' é antes uma forma de doença mental.Há uma obsessão com regulação de minúcias, com proclamação de princípios contraditórios e, claro, muita hipocrisia.Busca-se tudo resolver através de lei. Há uma esforço para legalizar cada conflito humano, existente ou potencial, de modo a que todos os aspectos da existência humana possam beneficiar-se das vantagens do 'governo da lei'.O tão decantado 'devido processo legal' é apenas para quem tem muito dinheiro. Aliás, o sistema entraria em colapso, se ele fosse observado em todos os casos. Mas 95 por cento das condenações criminais são obtidas sem júri e uma percentagem ainda mais alta dos litígios civil é resolvida sem o veredito de um tribunal.Invoca-se a Constituição, como se fosse uma palavra mágica, com poderes de encantação.Sentenças tratam de motivar racionalmente decisões substancialmente irracionais. Inventam-se razões para justificar objetivamente o que não é senão produto de sentimentos subjetivos.Para ter sucesso, os advogados precisam ser autênticos na sua inautenticidade. Vale, para eles, o que dizia Samuel Goldwyn dos atores: para serem bem sucedidos, precisam sobretudo ser sinceros.Tudo isso é dito com exemplificação de casos reais, entre os quais se destaca o julgamento de O. J. Simpson.O Autor escreve com muita graça e dá boas alfinetadas em Ronald Dworkin.Um bom livro para quem, deparando-se com uma cortina de lantejoulas, tem a curiosidade de saber o se existe atrás dela.
TESHEINER, José Maria Rosa Tesheiner. Resenha: 'Jurismania - the madness of American law', de Paul F. Campos. Revista Páginas de Direito, Porto Alegre, ano 0, nº 6, 30 de Junho de 2000. Disponível em: https://paginasdedireito.com.br/artigos/todos-os-artigos/resenha-jurismania-the-madness-of-american-law-de-paul-f-campos.html