Episódio 20 - Os francos
Texto e narração: | Marcus Vinicius Madeira | |
Apresentação: | Maurício Krieger | |
Publicação: | 05/06/2014 | |
Duração do episódio: | 5 minutos e 30 segundos | |
Música: | Julians Auftritt, de :Christoph Pronegg, :Klassik - Album 2008 | |
Edição de áudio: | André Luís de Aguiar Tesheiner |
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Sob a liderança de Clóvis, os francos criaram o mais importante de todos os reinos bárbaros
Os francos eram um dos muitos povos que compunham um conjunto de populações e culturas que historicamente restaram conhecidos como germanos ou povos germânicos. Esses povos também foram alcunhados de “bárbaros” pelos romanos, pois não falavam o latim, e adentraram as fronteiras do império romano, por vezes de forma pacífica, por vezes de forma violenta, sobretudo a partir do século III d.C. Esses deslocamentos coincidiram com o período de desagregação do Império Romano, que paulatinamente marca o desaparecimento de um mundo e o surgimento de outro, período esse denominado de Antiguidade Tardia ou Alta Idade Media. Nesse contexto, destaca-se o povo franco – em especial, o tronco dos francos sálios –, que chegou a alcançar significação histórica universal, assim como a figura histórica de Clóvis, um de seus mais importantes reis e que desempenhou papel decisivo no protagonismo histórico do reino dos francos . Clóvis era neto de um chefe tribal chamado Meroveu, e foi o primeiro rei dos francos, tendo o seu reinado ocorrido entre os anos de 481 a 511 d. C. Foi o fundador da Dinastia dos Merovíngios (nome dado em homenagem ao seu avô), e que antecedeu à Dinastia dos Carolíngios, cujo maior expoente foi Carlos Magno.Sob a liderança de Clóvis, os francos criaram o mais importante de todos os reinos bárbaros, cuja principal característica, desde a sua fundação e que perpassa toda a sua expansão, foi a conquista e o equilíbrio entre os núcleos populacionais romanos e germânicos, de modo a conservar o caráter misto de Estado ao mesmo tempo romano e germânico. Antes do reinado de Clóvis, as tribos francas formavam dois grandes grupos: os francos sálios, que se estabeleceram em torno do Canal da Mancha, e os francos ripuários, localizados mais para o interior do território da atual França. Após assumir a chefia dos francos sálios, Clóvis submeteu ao seu domínio os francos ripuários, e, em seguida, conquistou o reino de Siágrio, general romano que fundara um Estado próprio no oeste da antiga Gália Romana. Mais tarde, em 496, venceu os alamanos do leste da Gália na Batalha de Tolbiac — ocasião em que se converteu ao cristianismo — e, com a ajuda dos burgúndios (também conhecidos como borguinhões), impeliu os visigodos para trás dos Pireneus. Em outro momento, anexou aos seus domínios o reino dos burgúndios, seus antigos aliados, localizado no sudoeste da Gália. Fato bastante significativo consistiu no batismo de Clóvis, realizado na cidade de Reims, juntamente com 3.000 de seus guerreiros, em razão de sua repercussão política, na medida em que a maioria da população da Gália, descendente dos antigos gauleses e dos romanos era cristã. Diante dessa situação, Clóvis percebera a necessidade de converter-se ao cristianismo para obter a adesão dessa população. Consequentemente, a Igreja Católica tomou-se aliada na expansão do poder de Clóvis — poder esse que deixou de decorrer da simples aclamação dos guerreiros para ser chancelado pelo poder religioso da maior autoridade espiritual da época. Com a morte de Clóvis, em 511, ocorreu a divisão do Reino dos Francos em quatro partes, de acordo com o costume germânico de repartir as propriedades do falecido rei entre seus filhos varões, sem levar em conta o direito de primogenitura – no qual a herança do reino caberia ao filho varão mais velho. Essa partilha enfraqueceu consideravelmente a monarquia franca, pois os herdeiros passaram a lutar entre si, com o objetivo de unificar o poder sobre o reino nas mãos de um único soberano.
Referências Bibliográficas:
ABRAMSON, M. GUREVITH, A. KOLESNITSKI, N. (Dir). História da Idade Média. Vol. I. Lisboa: Estampa, 1978. AQUINO, Rubim Santos Leão de. História das sociedades: das comunidades primitivas às sociedades medievais. Rio de Janeiro: Livro Técnico, 1980.BARROS, José D´Assunção. Papas, imperadores e hereges na Idade Média. Petrópolis: Vozes, 2012.BRUNNER, Heinrich. Historia del derecho germánico. Barcelona: Labor, 1936.GIBBON, Edward. Declínio e queda do império romano. São Paulo: Companhia das Letras, 1980. KEMMERICH, Clóvis Juarez. O direito processual da idade média. Porto Alegre: S.A. Fabris, 2006.